terça-feira, 6 de maio de 2008

RESENHA DO FILME: ESTADO DE SITIO


“A guerra consiste não só na batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo em que à vontade de disputar pela batalha é suficientemente conhecida”.
Thomas Hobbes



O drama Estado de Sitio (État de Siège) dirigido pelo grego Costa Gavras retrata a influencia direta dos Estados Unidos nas ditaduras militares da América Latina.

Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética discordam de suas formas de governo, um defende o capitalismo e o outro o socialismo, iniciando uma Terceira Guerra, a Guerra Fria.


A Guerra Fria recebeu esse nome porque em nenhum momento foi travado combate físico, porém o mundo vivia a expectativa de um novo conflito mundial, com a insegurança de que os países envolvidos possuíam uma grande quantidade de armamento nuclear e que em qualquer momento poderiam dizimar a população mundial.


Junto com a Guerra Fria as ditaduras militares começaram a se desenvolver nos países da América Latina, entre esses países estão: Brasil, Argentina, Uruguai e Chile.


A ficção se passa na década de 60 e 70 no Uruguai, onde um grupo chamado Tupamaros, também conhecido como Movimento de Libertação Nacional (MLN) seqüestra o funcionário da polícia norte- americana Philip Michael Santore e o Cônsul brasileiro Roberto Campos.


O longa – metragem se desenvolve em uma sala onde o líder dos Tupamaros interroga os seqüestrados, principalmente Philip Santore. Nesse interrogatório começa a ser descoberto como era a atuação norte – americano nos países da América Latina.


O filme começa a mostrar dados importantes e até mesmo assustadores como o treinamento de dez mil policiais brasileiros tornando – os especializados em técnicas de tortura.


Diante desses interrogatórios os Tupamaros começam a exigir que o governo uruguaio solte os presos políticos em troca dos seqüestrados. O caso ganha notoriedade e gera uma crise política internacional, já que um dos seqüestrados é cidadão da maior potência mundial.


Todos esses fatos envolvidos em uma mesma narrativa poderia causar confusão ao telespectador, porém o diretor Costa Gravas conseguiu costurar todos os acontecimentos de uma única maneira, em uma única narrativa.


Costa Gravas nasceu em Loutra – Irajas na Grécia, mas começou sua carreira de cineasta em Paris, onde foi morar aos 18 anos. O diretor sempre focou sua carreira no cinema francês e norte – americano. Suas obras sempre tiveram influencia direta do cinema político da época.


Seus filmes sempre abordaram temas como ditadura, desigualdade social, a manipulação da imprensa na opinião publica, abuso de autoridades governamentais e outros temas um tanto quanto polêmicos.


Costa Graves se tornou uma dos maiores exemplos do cinema político internacional e seu primeiro longa-metragem foi Crime no Carro Dormitório, em 1965.

O cinema político da década de 70 e 80 é marcado pela notoriedade dada a América Latina, isso se deve as barbaridades que aqui ocorriam, como as torturas com aparelhos elétricos no período da Ditadura e as desigualdades sociais que afligiam todo a população.


Ainda hoje colhemos produtos culturais baseados nessa época. Um deles é o filme “O ano que meus pais saíram de férias”, que narra a história de um garoto de 12 anos que tem pais esquerdistas que precisam viver na clandestinidade.


O cenário é a Ditadura Militar no Brasil no seu momento mais opressor e violento, a década de 70.

Logo nos faz comparar com “Estado de Sítio”, ambos são vivenciados na mesma época, porém um tem como cenário o Uruguai e o outro o Brasil. Mas as situações vivenciadas são as mesmas, a violência, a opressão, a perca de direitos e liberdade.


Levando em conta que cada filme tem um olhar diferente. “O dia que meus pais saíram de férias” leva o olhar de um garoto de 12 anos, que apesar de vivenciar a Ditadura brasileira, ainda tem como preocupação o futebol, a descoberta sexual e os amigos.


Estado de Sitio tem um olhar mais crítico, maduro. A visão de um grupo que tenta descobrir o que existe por trás dos golpes do governo e que se organiza em pro a libertação dos seus presos políticos já que o Uruguai em pouco tempo se torna o país com maior quantidade de presos políticos do mundo.


O filme foi censurado no Brasil e após muitos anos teve lançamento no mercado de vídeo.
Ficha Técnica

Título Original: État de Siège
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento (França / Itália / Alemanha): 1973
Estúdio: Regane Films / Unidis / Cinema X / Dieter Geissler Filmproduktion / Euro International Film S.p.A.
Distribuição: Cinema 5 Distributing
Direção: Costa-Gavras
Roteiro: Costa-Gavras e Franco Solinas, baseado em estória de Franco Solinas
Produção: Jacques Perrin
Música: Mikis Theodorakis
Fotografia: Pierre-William Glenn
Desenho de Produção: Jacques D'Ovidio
Figurino: Piet Bolscher
Edição: Françoise Bonnot

Um comentário:

Anônimo disse...

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